A Escada da Vida
Encontrou-se a Caridade
Com o Orgulho, certo dia:
Subia o Orgulho uma escada,
E a Caridade descia.
Ela era humilde, ele arrogante,
No patamar dessa escada
Os dois, cruzando-se, viram
Uma rozinha pisada.
Emproado, o Orgulho, vendo-a,
Deu-lhe uma nova pisadela;
De joelhos, a Caridade
Deitou-se aos beijos a ela.
Mas nobres passos se ouviram
De som divino e tremendo:
O Orgulho seguiu subindo,
E a Caridade descendo...
E a voz de Deus, entretanto,
Disse, bramindo e sorrindo:
-«Tu, que sobes, vais decsendo!»
-«Tu, que desces, vais subindo!»
de Eugénio de Castro
Sobre as palavras do próprio Jesus Cristo compôs estas quadras Eugénio de Castro. O Orgulho, se encontra uma infelicidad, mais a pisa. A Caridade é que beija e consola. Por isso o Orgulho desce, quando julga subir; e a Caridade (...) está subindo quando se humilha e desce.
de "Poesia de ontem e de hoje..."